terça-feira, 17 de novembro de 2015

Imagens de satélite mostram rastro de lama e destruição em Mariana (MG)

“Um caminhão passou buzinando feito louco, avisando que a barragem rompeu. Ele foi parando e gritando: ‘Pula! Pula!’. As pessoas foram se jogando na caçamba, umas sobre as outras”. O depoimento é de uma sobrevivente do desastre de Mariana, município a 120 quilômetros de Belo Horizonte, ao jornal O Estado de S. Paulo. “No final, o caminhão nem estava mais parando para o pessoal entrar”. Na última quinta-feira, 5, duas barragens da mineradora Samarco – uma joint-venture entre a Vale S.A. e a BHP Billiton, duas das maiores empresas de mineração do mundo – se romperam, deixando um rastro de lama cujo impacto ao meio ambiente ainda não pôde ser totalmente mensurado. A lama é um subproduto das atividades de mineração, que usa água para extrair os minérios dos terrenos.
A visualização abaixo, elaborada pelo Código Urbano a partir de imagens de satélite de alta resolução, cedidas pela DigitalGlobe, anteriores e posteriores à tragédia em Mariana, ajuda a ter uma dimensão do tamanho do estrago que o rompimento da barragem trouxe ao município. Arraste a barra vertical para os lados para comparar os locais das fotos.

A cidade mineira de Governador Valadares, que fica a mais de 300 quilômetros da barragem da Samarco, já decretou estado de calamidade pública depois que o fornecimento de água teve que ser cortado quando o Rio Doce foi contaminado pela lama trazida por um de seus afluentes que cruzam o município de Mariana. Governador Valadares é um dos 228 municipios mineiros e capixabas banhados pelo Rio Doce, que tem 879 quilômetros de extensão entre Minas Gerais e Espírito Santo e alcança mais de 3,5 milhões de pessoas, segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio. Retirando o oxigênio e impedindo a passagem de luz, a lama da mineradora ameaça a vida do rio.
Mas a enxurrada de dejetos destruiu também todo o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, onde viviam 600 pessoas que tiveram que deixar suas casas às pressas depois que vizinhos, aos gritos, alertaram toda a comunidade – não houve qualquer sirene de emergência. De acordo com especialista ouvido pelo jornal Brasil de Fato, a tragédia pode deixar infértil o solo de toda a região. Só pelo desastre ambiental, a Samarco deve ser multada em R$ 100 milhões pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Há pelo menos seis mortos.
No destaque da visualização abaixo, parte das casas do distrito de Bento Rodrigues aparecem já sem telhado, restando apenas partes de suas estruturas:

Mapas livres e humanitáriosAs imagens de satélite inseridas nesta matéria também estão servindo de base para um grupo de voluntários de todo o Brasil que, remotamente, estão produzindo um novo mapa da região. Estas informações são editadas e distribuídas no OpenStreetMap, o mapa aberto do mundo. Todos os dados produzidos são redistribuídos e estão disponíveis sob uma licença aberta, permitindo que sejam reutilizados para qualquer fim, sem necessidade de autorização de uso. Na imagem abaixo, que mostra a divisão de tarefas entre os voluntários, é possível ver a área que está sendo mapeada inicialmente:
Campanha de mapeamento de barragens em Mariana
O objetivo é que este novo mapa dê subsídios para comunidade local e organismos atuantes na região avaliem o impacto e trabalhem melhor para mitigação dos efeitos da tragédia. Qualquer pessoa pode participar. Para isso, basta ter acesso a um computador com internet e seguir as instruções na página wiki da campanha de mapeamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário