quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Isso é o Maranhão

Sob pressão de Sarney, Dilma diz que apoiará Roseana ao Senado TÂNIA MONTEIRO O ESTADO DE S. PAULO Pressionado pelo PMDB, o Planalto costurou, na segunda-feira (14), uma solução de redução de danos às suas relações com o principal aliado e criou uma alternativa na montagem do palanque no Maranhão. A presidente Dilma Rousseff disse ao senador José Sarney (PMDB-AP) que, apesar de apoiar a candidatura a governador de Flávio Dino (PC do B), rival do clã, apoiará ao Senado o nome da governadora Roseana Sarney (PMDB-MA). Dilma Rousseff revela, que apesar de apoiar a candidatura a governador de Flávio Dino, apoiará ao Senado o nome de Roseana Sarney Sarney defendia o apoio de Dilma ao seu secretário de Infraestrutura Luís Fernando Silva. A pressão do PMDB sobre o governo foi tão forte que a presidente Dilma Rousseff se viu obrigada a ligar para José Sarney para assegurar que continuam aliados. No entanto, conforme o Estadão revelou na segunda (14), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma acertaram, numa reunião no Alvorada na quinta-feira passada, uma “traição cirúrgica” ao senador Sarney e a sua família, que comandam o Maranhão há 50 anos. Na reunião, Lula, Dilma e os coordenadores da campanha pela reeleição da presidente concluíram que chegou a hora de o governo apoiar a eleição de Flávio Dino (PC do B) no estado e garantir um palanque forte para Dilma no Maranhão. Os ministros Aloizio Mercadante (Educação), o marqueteiro João Santana e o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Franklin Martins – além de Lula e Dilma – foram favoráveis ao apoio a Dino. O presidente do PT, Rui Falcão, manifestou-se contra, mas foi voto vencido. O escolhido da família é o secretário de Infraestrutura do Estado, Luís Fernando Silva, que não está bem posicionado nas pesquisas eleitorais. Um palanque patrocinado pelos Sarney, na avaliação do grupo, seria contraproducente. O apoio a Dino poderá interditar, ainda, qualquer costura local do PC do B com o PSB para franquear palanque à dupla Eduardo Campos-Marina Silva. O cenário é ruim para Roseana e para a reprodução do apoio do Planalto à governadora. Ela enfrenta problemas na disputa pela única vaga ao Senado em 2014. Seu principal adversário ao cargo, o vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha, que é do PSB, está à frente nas pesquisas. Além disso, se Roseana deixar o governo para concorrer ao Senado em 2014, o vice-governador Washington Luiz Oliveira, do PT, assume o Estado. O clã Sarney considera que Washington não é completamente alinhado com a família e teme que ele não trabalhe com afinco para ajudar a eleger o escolhido para suceder à governadora. IRRITAÇÃO E AMEAÇA – O Jornal Pequeno apurou que, ao tomar conhecimento, ainda na manhã de segunda, do vazamento da reunião no Planalto que decidiu pelo “descolamento” do PT da imagem do clã, o senador José Sarney ligou para Lula. Fez chantagem emocional e ameaçou declarar apoio ao governador Eduardo Campos, pré-candidato do PSB. Em seguida, Lula ligou para Dilma, que, mesmo irritada com a chantagem sarneysista, entrou em contato com Sarney. Disse que a aliança continua e garantiu apoio do governo a Roseana numa eventual disputa ao Senado. (Com Redação do JP) ‘PT não deixará Sarney na chuva’, diz Domingos Dutra O deputado federal Domingos Dutra (SDD-MA) disse na segunda-feira (14), que acha difícil o PT conseguir abandonar o candidato do PMDB ao governo do Maranhão. Dutra, que até poucos dias atrás trabalhava para viabilizar a Rede Sustentabilidade e acabou se filiando ao Partido da Solidariedade, deixou o PT há duas semanas após anos de desgaste por discordar da aliança entre o partido e a sigla do senador José Sarney (AP). “Não acredito que o PT deixará a família Sarney na chuva”, comentou. Em sua avaliação, o PMDB local é “dependente” da imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e não aceitará a debandada do palanque. “Se isso acontecer vou dar três gritos, três pulos e três assobios para São Longuinho”, ironizou. Com o apoio do ex-presidente Lula, a presidente Dilma Rousseff e a cúpula do PT acertaram na última semana que apoiarão a candidatura de Flávio Dino (PCdoB) à sucessão de Roseana Sarney. Após uma aliança de 11 anos, os petistas concluíram que é preciso investir numa candidatura forte, já que o escolhido dos Sarney, o secretário estadual de Infraestrutura Luís Fernando Silva, não está bem posicionado nas pesquisas eleitorais. “Torço muito por isso, mas não acredito que isso ocorra”, disse Dutra. O ex-petista conta que a aliança com o PMDB no Maranhão tem feito o partido “sangrar em praça pública” no estado, com a saída de militantes históricos da legenda. “O PT não tem chances de eleger nenhum deputado estadual ou federal no Maranhão”, avaliou. A divergência com a família Sarney fez com que Dutra também declinasse de integrar a Rede da ex-senadora Marina Silva. O deputado encaminhou uma carta à sigla em formação onde se mostra insatisfeito com a aproximação da coligação PSB-Rede com a deputada estadual Eliziane Gama (PPS), suposta aliada do clã peemedebista e apontada como candidata à sucessão estadual. “Neste momento estou cuidando do Solidariedade. Não tenho condições de cuidar de dois partidos”, desconversou Dutra. (Daiene Cardoso, da Agência Estado)